Candomblé – Comunidades terreiros
O candomblé é um espaço físico e sagrado que, abastecido do espaço ideológico de matriz Africana e das tradições afro brasileiras, está mais próximo das camadas mais resistentes e conscientes, pois, está repleto de um saber tradicional capaz de levar as pessoas a lutar pelos seus direitos e capaz de levar a reagir contra os que invadem seu espaço social e sagrado. Candomblé não significa apenas uma festa de terreiro/barracão, e sim, envolve aspectos antes do nascimento de um adepto (filho de santo) no dormir, acordar, nas hierarquias e obrigações. Estar no terreiro e ser do orixá Também significa disciplina, direito, respeito, dever, simplicidade, humildade dentro e fora dos rituais.
A comunidade terreiro é aquela que propicia ao membro o exercício da cidadania, que consiste no direito do povo de santo preservar as suas identidades éticas, individuais, coletivas, conhecendo as normas e regras para agirem no cotidiano aprofundando na história e cultura, para assim cultuarem os Orixás, seus ancestrais. Aquela (e) que cuida dos Condomblés, das comunidades terreiros Yalorixá /Babalorixá
A yalorixá é aquela que representa sua comunidade e toda liderança religiosa, cultural e social. Uma sacerdotisa que mantém a comunicação entre os membros da comunidade e os Orixás.
Portanto, ela ocupa uma importantissíma posição na ação da comunidade, para atender aos clientes que necessitam de sua intercessão junto às divindades. A fala segura e o andar equilibrado da Yalorixá predispõe seus filhos de santo à obediência, pelo menos em sua casa e diante dos seus olhos. Yalorixá – a mãe que pari, que cuida, ensina, orienta.
Não é uma tarefa fácil ser um Babalorixá ou uma yalorixá, há sacrifícios, obrigações, como também não é tarefa fácil ser filho-de-santo, pois o terreiro é um espaço social do qual todos tem as suas obrigações e atribuições, para que o espaço exista de forma física e espiritual dentro de uma comunidade, logo mãe ou pai-de-santo e filho- de-santo devem estar pautados na relação, respeito mútuo e no espírito da coletividade, visto que o orixá não está para um ser único , e sim ser ele está para o universo.O que faz uma yalorixá?
É a mãe-de-santo quem integra a pessoa no grupo com os rituais adequados para cada nível de participação: é quem lava as contas das abiãs; que dá o bori dos ogás; quem assenta o santo das equedes e raspa a cabeça das iaôs. Em cada um desses ritos a yalorixá é a intermediária da força mísitica dos orixás com o corpo de seus filhos, ela é quem estabelece essa comunicação, quem consagra e quem interpreta a vontade dos orixás, criando assim, nos momentos críticos da iniciação, uma dependência que resulta num sistema de expectativas mútuas, entre ela e seus filhos-de-santo.
Para ser uma Yalorixá é preciso ter o dom e ser eleita pelo Orixá, e nesse momento algumas coisas se alteram como por exemplo, sua identidade se transforma, ou seja, funções diferentes, e sua vida passa a ter nova direção e novo destino e sua liderança deverá ter um compromisso com os deuses africanos, ou seja, é a mediadora, o elemento de ligação entre o Orixá e o povo de santo.
Dentro dos rituais do candomblé a presença da Yalorixá e do Babalorixá é muito importante, pois estes são os administradores maior do terreiro e a baixo dos orixás são as pessoas responsáveis pelo conclusão de iniciação de um filho , servindo de canal para que o orixá se torne parte definitiva da vida de um adepto, são pessoas dotadas de conhecimento dos fundamentos da religião, são respeitados por terem a responsabilidade de mudar a vida das pessoas na medida do que lhe for permitido, trazer respostas às dúvidas para aqueles que lhes procuram.
Portanto, os candomblés os Nagô-egbá são cultos que tem sua força própria, ele não busca o reconhecimento dos seus ritos através da fé cega e sim da afirmação da crença nos orixás como representação da força da natureza em consonância com o lado físico do homem, ou seja, no momento em que o filho de santo vira no seu orixá essa força sai da natureza tomando forma na dança, nos cânticos e seus ritmos, nas oferendas, na forma de falar e de agir que diverge totalmente da personalidade do filho-de-santo, o que nos leva a acreditar nos orixás como senhores supremos que possuem personalidades distintas , (arquétipos) e habilidades próprias de cada orixa.
Yalorixá e do Babalorixá não é nenhum deus, eles apenas tem uma sensibilidade de prevê o passado, o presente ou futuro pela fé e pela permissão dos orixás.
Adriana Freires Aragão
Nenhum comentário:
Postar um comentário